A coordenadora e dinamizadora das “startups” no fórum Angotic 2018, Emília Dias, pediu, quinta-feira, em Luanda, ao Executivo que crie um instrumento jurídico destinado a conferir maior apoio aos pequenos investidores.23/06/2018 ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 14H52

Kindala Manuel | Edições Novembro © Fotografia por: O secretário de Estado das Telecomunicações afirmou que a edição deste ano do Angotic correspondeu às expectativas
Emília Dias, que falava ao Jornal de Angola no dia do encerramento do Angotic, declarou que uma das maiores dificuldades que as “startups” enfrentam é a falta de espaço para trabalhar, argumentando que os custos de arrendamento de um escritório em Angola são elevados.
Uma outra situação mencionada por Emília Dias é a falta de uma legislação que proteja os pequenos investidores, estando estes a pagar também os mesmos impostos pagos pelas grandes empresas, além de não terem nenhum incentivo nem protecção.
Emília Dias deu ênfase ao facto de existirem em alguns países pacotes de financiamentos alternativos e defendeu que Angola deveria seguir a mesma política. “Precisamos de isenção de impostos, pelo menos, nos dois primeiros anos do negócio”, acentuou a empreendedora.
A coordenadora e dinamizadora das “startups” no fórum Angotic 2018 caracterizou uma “startup” como uma empresa emergente e normalmente de base tecnológica. Na sua opinião, o Executivo deve criar as condições para os jovens desenvolverem melhor os seus projectos sem dificuldades.
Licenciada em Gestão e Marketing, Emília Dias tem uma empresa de consultoria e estratégia e é co-fundadora do projecto “Bus-Center”, criado pela empresa “Weah”, que aproveita autocarros avariados e transforma-os em centros de formação tecnológica e biblioteca.
Até hoje, a empresa já tem dois autocarros, estando um a funcionar na comuna da Lucira, província do Namibe, e outro estava exposto na Angotic, podendo ficar ou em Luanda ou no Cuanza Sul. A ideia é colocar os autocarros transformados em centros de formação tecnológica e biblioteca nas zonas com dificuldades de acesso à Internet.
Os autocarros, em cujo interior são instalados 14 computadores, funcionam com energia solar. O autocarro que está na Lucira atende, diariamente, cerca de 50 jovens. “O projecto bus-center tem sido uma solução para os jovens que não têm possibilidade de estudar numa escola normal nem de aprender sobre as novas tecnológicas”, frisou Emília Dias, que disse estar o Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação a apoiar o projecto.
A empreendedora defendeu que se deve fazer um trabalho de mapeamento para a identificação de mais “startups” no mercado nacional, a fim de haver interactividade entre as empresas.
Apoio às “startups”
O secretário de Estado das Telecomunicações, Manuel Homem, declarou que o Executivo tem apoiado várias iniciativas de empreendedorismo, tendo mencionado, como exemplo, os projectos do Instituto de Telecomunicações (ITEL), onde jovens são apoiados com formação gratuita.
Manuel Homem acrescentou que, mensalmente, mais de 25 jovens são formados em montagem de infra-estruturas de comunicações e garantiu que não existe falta de apoio do Executivo. “Devemos é coordenar melhor os projectos que já existem, para que os jovens possam continuar a ter acesso aos financiamentos e estabelecer os seus negócios”, salientou Manuel Homem.
A presença do Presidente da República na cerimónia de abertura do Angotic 2008 foi enaltecida por Manuel Homem, que disse ter João Lourenço dado orientações, no seu discurso, que vão servir para o Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação continuar a identificar os problemas e melhorar as condições dos jovens empreendedores.
“As acções orientadoras do Presidente da República são motivos de reorganização do sector, para que possamos preparar melhor as próximas edições do Angotic”, disse Manuel Homem, reiterando que o objectivo do Executivo é criar cada vez mais condições para que os jovens possam criar as bases de crescimento, num ambiente de negócio, por via das tecnologias de informação.
O secretário de Estado anunciou, para os próximos dias, a realização de uma reunião com jovens que fazem parte de “startups”, na qual vai ser discutida a criação de um plano estratégico, que vai permitir o levantamento do número do “startups” e onde estão localizadas, além da realização de ciclos regulares de formação. O Executivo, garantiu Manuel Homem, vai continuar a criar as condições voltadas para a contínua existência de um “ambiente de interacção” com o sector empresarial, visando a identificação dos apoios necessários ao estabelecimento e desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas.
A edição da Angotic este ano correspondeu às expectativas, afirmou Manuel Homem, que disse estar satisfeito com a planificação feita para o evento. “Precisamos apenas de melhorar determinados aspectos ligados à formalização dos painéis”, acentuou Manuel Homem, lembrando que a presença de 96 moderadores e oradores, de 120 expositores e de mais de 4.500 visitantes traduz o nível de organização do evento, realizado em três dias.
Na edição deste ano estiveram presentes expositores da África do Sul, Alemanha, Brasil, Cabo Verde, EUA, Índia, Mali, Namíbia e Portugal.
O objectivo do Angotic é a promoção da interacção entre as “startups” nacionais e estrangeiras, sendo um evento reconhecido como uma plataforma ideal para a divulgação das últimas tendências da indústria tecnológica.